De malas prontas, passagem nas mãos, lágrimas nos olhos e eu tinha minha decisão.. eu não sabia como era estar do outro lado - ter que deixar, ao invés de ser deixada - não porque isso fosse algo que eu queria, mas porque era assim que tinha que ser.
Há tempos meu relacionamento não estava o mesmo, a falta de amor já transbordava todos os cantos da casa e éramos mais estranhos convivendo junto do que.. sei lá. E tudo que eu tinha na cabeça era o momento em que eu dei um basta naquela estranha - e fria - situação, anunciando a minha partida, já que minha presença não fazia diferença mais ali. Eu só queria ter sido impedida, que ele tivesse falado "desfaça as malas, por favor não vá.. sei que os tempos estão difíceis, mas não precisa ir embora toda vez que a solidão aparecer" ao invés disso eu só ouvi uma dolorosa e triste afirmação "tudo bem, deixe suas chaves na portaria por favor". Foi como se eu tivesse levado um soco no estômago e todas as minhas borboletas tivessem sido esmagadas ou espantadas pra fora de mim - por incrível que pareça, apesar dos anos as minhas ainda existiam - mesmo quando eu sabia que já deveriam estar todas mortas, mas não estavam e doeu.. apesar da falta de ar a única coisa que eu consegui dizer foi "eu teria de amado pra sempre" e eu fiquei sozinha no apartamento de novo - pela última vez - e me permitir chorar, por ter sido tão ingênua a ponto de pensar que eu seria tudo na vida de alguém, besteira a minha.
Peguei minhas coisas, e fui embora sem olhar pra trás, deixando todas as lembranças, todos os sorrisos, todos os momentos, todas as dificuldades e necessidades, tudo.. voltando apenas metade de mim, mas somente eu, ninguém mais.
P.